terça-feira, julho 07, 2009

E o futuro?

Não. Não estou querendo prever o futuro, mas certas coisas, que estão virando rotineiras, me deixam preocupada. Hoje cedo fui até a farmácia e havia esquecido o nome de um dos remédios que precisava comprar. Enquanto eu tentava lembrar o nome (lembrava o princípio ativo, mas não lembrava o nome comercial) a balconista pediu meu CPF e abriu meu histórico. Tava La o medicamento. Nome comercial e todas as compras efetuadas com as respectivas datas.

Não tem nem dois meses, pedi uma pizza pra entrega domiciliar e fiz uma ressalva quanto à falta de azeitonas num pedido anterior. Pedido atendido. Uma semana depois pedi outra pizza também para entrega domiciliar, lembrei das azeitonas e fui surpreendida com o atendente se referindo ao pedido anterior.

Tudo que você faz está sendo registrado em um sistema. O uso que eu faço do cartão de credito em compras online, o Sem-Parar nas estradas, nos shoppings. Ou seja, daqui cinco anos a quantidade de informações que esses sistemas terão sobre mim será enorme. Aonde eu vou aos finais de semana, onde eu compro comida, que medicamentos costumo usar. Ou seja, o sistema está registrando tudo sobre meus hábitos.

Vai chegar o dia que esses sistemas, hoje desconectados, irão compatibilizar seus dados e então o sistema irá pautar meus hábitos. Vamos supor que o sistema identifique que, pelos medicamentos que venho consumindo, estou a beira de uma gastrite, uma cirrose, sei la. Algo asim... Isso será péssimo para o meu plano de saúde. O sistema do meu plano de saúde, por sua vez irá regrar meu consumo de bebida alcoólica, pois, caso eu venha a contrair a doença custarei caro para eles. O que fazem? Determinam que não poderei consumir mais que duas doses de caipirinha. Um belo dia estarei em um restaurante e pedirei ao garçom a minha terceira dose de caipirinha e ele voltará com a informação que atingi o limite de doses.

O sistema saberá tudo sobre mim. O cartão de crédito que usei no posto de gasolina identificará onde eu estava. O Sem-Parar, onde eu estive. Pra onde eu fui. Sem contar que os celulares mais modernos são capazes de dizer onde eu estou, exatamente, num raio de muitas centenas de quilômetros. O Pão de Açúcar já sabe o que eu costumo consumir. Minha lista de compras está previamente definida. Basta um acesso via internet para que ela seja entregue na minha casa.

Só pega criança na escola quem quer. A escola se encarrega de pegar e devolver seus filhos.

Pensar no que a tecnologia poderá interferir nas nossas vidas, nos nossos hábitos, assusta. E a tecnologia está em toda parte. O mundo já esta sendo movimentado por softwares. O elevador do meu prédio é controlado por um software, os semáforos também, os celulares, os controles do meu automóvel. Tudo é software.

Reuniões já podem ser feitas com pessoas em países diferentes. Cirurgias estão acontecendo dessa forma e já dispensando a habilidade manual do médico. Um robô faz o serviço. Tudo é software.

Isso é bom ou será ruim?

Penso que pode ser bom. Digamos que daqui uns anos venhamos a ter uma internet em casa com uma velocidade estupidamente grande. Mil vezes maior do que eu tenho hoje, ou seja, 1 gigabyte por segundo, no mínimo. Eu poderei virtualizar todos os meus contatos mantendo o mesmo sentimento da presença física.

Hoje eu me desloco pra o trabalho porque os meios estão lá. Poderei ficar mais em casa. Adeus horas perdidas em engarrafamentos intermináveis. Doutorados presenciais serão coisas do passado. Terei mais tempo com minha família. Urbanisticamente falando, uma vez que os deslocamentos serão minimizados, ruas mais largas e viadutos serão desnecessários. Essa revolução tecnológica proporcionará a sobrevivência das cidades evitando o colapso, aos olhos de hoje, praticamente inevitável.

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